domingo, 15 de janeiro de 2017

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Lembro muito bem das crises que tive em 2012 e corria pro notebook escrever como estava me sentindo - e de alguma maneira me fez bem. Resolvi então criar um novo espaço pra que eu possa fugir de vez em quando, quando acho que tudo tá desabando em minhas costas.
Há muito o que falar sobre mim; mas às vezes sinto que há muito pouco.
Em 2015 decidi recorrer à terapia e entrei em contato com uma terapeuta que me atendeu com certa urgência porque eu estava com uma crise bem fodida de ansiedade, que não sabia definir ainda se era ansiedade ou não. Mas sabia o motivo: os sentimentos, o amor, o coração. Nunca soube lidar direito com isso.
Puxando bem do meu passado, acho que me sentia uma criança carente de amor paterno, e acho que isso reflete diretamente no que está acontecendo comigo atualmente. Meu pai nunca foi o maior exemplo de carinho e afeto que existe no mundo, pelo contrário. Em algumas sessões com minha primeira terapeuta cheguei a conclusão de que meu pai era, pra mim, um estranho que chegava em casa à noite para o jantar. Alguém que não conhecia de verdade e que nunca vi demonstrar carinho pela minha mãe.
Cresci com o desejo de ter um relacionamento totalmente o contrário que o dos meus pais. Acho que aí é que está o cadeado pra eu entender bem o que acontece... Eu fujo da imagem que meu pai trazia pra gente, apesar de toda noite, quando ele chegasse, me dava um beijo no rosto com a aparência bem cansada.
Cresci basicamente querendo fugir do padrão pai e mãe, mas desejava ser feliz com o amor. O meu maior desejo era (ou é ainda, né? Acredito que sim) que alguém ficasse muito orgulhoso de estar comigo, me exibisse e me colocasse num pedestal.
Acontece que o que sempre aconteceu foi o contrário. Era eu quem sempre colocava a pessoa num pedestal afim de que ela se sentisse muito orgulhosa por ter "conseguido" estar comigo. É bastante ilusório de fato. E o pior: é atual.

Meu último namoro durou apenas 2 meses e foi o mais desafiador pra mim. Terminamos essa semana e sinto que meu corpo levou uma surra, tipo um Ultra Combo no Street Fighter, porque pra ajudar, o gato mais carinhoso da casa faleceu. É como se a vida quisesse dar um chacoalhão nos meus pensamentos e me fizesse infeliz por alguns momentos.
Sabe por que esse namoro durou tão pouco? Pois criei tanta expectativa, quis tanto ajudar que sufoquei o outro. Olhava com olhar de mãe e queria proteger a todo custo. Tinha crises de ciúmes ridículas (que jamais achei que sentiria) e me vi sendo uma pessoa controladora e ao mesmo tempo fora do meu próprio controle.
Sabe por que me fez tão mal?
Porque eu estou me conhecendo muito profundamente nesses últimos dias.
Estou "em luto" e não estou aceitando sair com ninguém pra conversar. É meio que como se eu necessitasse passar por isso com os meus próprios pensamentos e bagagem pra me levantar de novo.
Me incomoda receber mensagens perguntando como estou, porque eu realmente não vou saber explicar. Eu deixo de responder várias pessoas porque eu não quero ver ninguém. Eu quero, por conta, descobrir a melhor maneira de enfrentar os deslizes da vida. Nada do que vão falar pra eu fazer vai ajudar - pelo contrário. Não adianta falar pra eu dar uma volta, porque quando faço isso e volto pra "realidade" me sinto bem pior. É tipo como ficar bêbado. Esse é o meu jeito de enfrentar minhas crises... E sempre saio viva delas!

O que preciso resolver em mim é ter um pouco mais de amor próprio e que eu não dependa de relacionamentos pra me sentir feliz. Mas tive essa carência de criança em que meu pai era uma figura desconhecida pra mim.

Ao mesmo tempo que estou trabalhando, a cliente vai embora e tudo volta a tona. Os pensamentos, as tristezas. Mas cheguei a crer que tudo isso vai passar, só preciso desse tempo sem ouvir as pessoas a não ser meu terapeuta. Ele nem aconselha nada, ele me guia pro meu autoconhecimento...

Eu sentei na frente do notebook na intenção de escrever mil coisas detalhadas, explicar o nome do blog e dar alguns termos. Mas apenas deixei fluir e escrever apenas o que vinha à minha cabeça. Melhor assim.
Quero continuar escrevendo. Parece ser uma extensão da terapia.

Quero ficar bem. Quero encontrar minha paz. Quero chorar e rir sem pensar no mundo como uma arma pra mim.
Mas, por enquanto, eu não estou legal... E eu quero ficar só.

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